iaquafi. Saramthali, Rasuwa, Nepal—26Jan2024
TRAÇADOS
Estou no meio do morro. Cheguei a ele pelo topo. Caminhei quinze minutos morro abaixo até chegar ao destino: casa, lavoura e terreiro. Era dezessete de janeiro.
Até hoje, nove dias depois, não arrisquei subi-lo de volta. É tão íngreme, que já acelera a respiração só de pensar. Um dia ainda eu subo, sempre deixando pro dia seguinte.
Pela sua altíssima resistência física, os nepaleses eram recrutados para atividades de intenso labor corporal nas guerras mundiais. Hoje eu testemunho isso: meninas e meninos, moços e moças, senhores e senhoras de vigores colossais em suas lutas cotidianas de paz.
Lá embaixo, bem lá embaixo mesmo, corre um rio, em cujas margens são sempre frescas as folhagens. Centenas de nativos descem até lá para coletá-las, alimento dos animais. Formam-se trilhas no terreno escarpado, cortando, quase que perpendicularmente, os terraços de plantios. Veias traçadas como afluentes de terra morro acima.
Onde estou são duas búfalas adultas e duas novilhas. O tomador de conta delas desce diariamente (às vezes, duas vezes) para buscar o mato verde... branco como leite.
Admiração e respeito por esses corpos e almas. Quem contesta tamanha força?
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[foto]
quando: 26Jan2024
onde: Nepal, Rasuwa, Saramthali
por: Andalaquim