iaquafi. Saramthali, Rasuwa, Nepal—21Jan2024
MEIO DO SEMEIO
Eu sempre disse e digo que não sou pai de santo, nem tenho intenção de sê-lo, mas amo um terreiro —é como um selo em minha alma, num corpo carimbado de cafeicultura—, que é meu terceiro escritório, de quatro deles. O primeiro é a lavoura. O quarto, o armazém. O segundo ofício: a estação de processamento, do lavar o café, descascá-lo ou não, a pô-lo para fermentar ou não também. A experiência —não só minha— e a inspiração —eu sei de quem— me ditam como fazer o processo. E toda noite medito para ser sensível para escutá-las. Talvez mora aí minha mediunidade. Não à toa, quando começo um trabalho desses, sonho toda noite com ele e com as formas de fazê-lo. Diferentemente de um sonho trivial, acordo me lembrando desses sonhos claramente, como conversa franca e troca de idéias entre mentor e pupilo. Pulula em mim a vontade de praticá-los. É quando tenho que me domar: “Vamos por partes, sem pressa, um passo por vez, para todos absorverem a caminhada, inclusive você, rebento impetuoso.”, ouço meu pai e minha mãe me dizerem.
A caminhada não é só a estrada nem só os pés. É a interação da fáscia plantar com o chão. Nasce aí a semeadura que se mistura com a colheita.
Quando eu apagar essa luz, que eu descanse o corpo —esse meio do semeio—, mas que a alma não se deite.
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[foto]
quando: 20Jan2024
onde: Nepal, Rasuwa, Saramthali
por: Andalaquim