Textos


kapabun. Paraisópolis, MG, Brasil—12Jan2024

RADICELAS DE CASA, MONTES DE LONGE: ASA NA XÍCARA

 

O mundo é minúsculo. A estrada é curta. Os caminhos é que são longos. Mas não largos, e sim estreitos. Porém, por eles, sempre se vai, nem que seja um por vez. Às vezes senhor, às vezes menino; ora doutor, ora campesino.

 

Era 1999 quando respondi que gostaria de trabalhar na África. Era 2009 quando fui convidado para trabalhar na Tanzânia. Era 2010 quando embarquei para o leste africano, para ficar sete meses e fiquei dez anos.

 

Agora o buraco é mais em cima, na contra-figura de linguagem e na contramão do capitalismo a todo custo. Fazer a parte que nos cabe diante dessa maiúscula lucro-loucura. Há campo para outras lavouras.

Dar as mãos e pô-las nos cabos —e não dar cabo delas— é o que nos resta, e não a sobra de comida. (Mais) Mãos ao labor de amor na terra e nos grãos: punhos firmes e destros segurando as enxadas nos cafezais sombreados e dedos sutis e calejados colhendo somente os frutos maduros.

 

É 2024. Partir novamente, num sinônimo de “unir-se de novo”, aos rincões, aos ribeirinhos, aos ribeirões.

Que eu nunca me esqueça das águas que na Mantiqueira brotam. Levo as lágrimas da serra que chora e os suores dos que lá labutam. Que seja tudo fonte... fontes de inspiração.

 

Malas ao Himalaia!, né, Seu Paulo? Seu legado aos grotões cafeeiros do mundo. O Nepal é logo ali, a um p(a)ulinho do Machadão.

“Aprendi com minha origem

—vem do papai essa linhagem,

de outras vidas essa viagem

e vim pra dividir essa bagagem—

que pra ser extensionista

tem que ir

com o saber

—saber ouvir e aprender os saberes

e saber dizer o pouco que se sabe—,

c’a fé, a cara e a coragem.”

Assinado (à caneta): seu discípulo desgarrado e desregrado, que o ama verdejantemente e ama verdadeiramente —do meu jeito, é verdade. Prometo (a lápis) tanto voltar como tomar banho com mais freqüência— a mãe —que fica com o coração apertado, mas que diz “vá com o coração e asas leves”—, e odeia —fico louco— ser chamado de doido, embora o seja.

 

Assim seja. Assim sou. Assim vou. Assim sigo. Fui, enquanto indo: (l)este é o sentido.

Até breve, de onde a neve quase ferve, que é quando se faz o café.

 

Do menino inteirinho à tinta, André.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 12/01/2024
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