iaquafi. Paraisópolis, MG, Brasil—31Dez2023
JÁ SUBI, SUBI MUITO
Já subi, subi muito, atrás de pequeníssimas plantações de café. Sempre a pé aos pés, sempre poucos, numa escala de quintal.
Às vezes, muitas vezes, faltava-me o fôlego para as grandes distâncias acima. Parava, respirava, recompunha-me. A paisagem revigorava a caminhada, de tão íngreme, escalada.
Novamente, a escala é a mesma, que demanda uma escola de cafeicultura diferente da dos grandes centros produtores, mas bastante semelhante às que semeei —ou que semearam em mim, não sei. Era tudo muito mútuo: um adubava o outro— em dez regiões africanas diferentes em que vivi e trabalhei.
Porém, muito mais preparado me sinto agora, diferentemente daquele menino de 2010, franzino, recém-formado e inexperiente, que, já no primeiro mês, quis desistir diante de sua primeira malária. Quantas viriam depois! Dezenas, que o fariam ainda mais franzino. Que, no primeiro dialeto diferente, soltou um “eu não consigo”... em português. Quantos viriam depois! Dezenas. “Eu consigo!”, eu viria a dizer em suaíle após pouco tempo. Bora lá, porque “ma saksama chu”, com a proteção de Deus e a paz que esse trabalho me traz. Há uma rima oculta. Não só a rima.
A diferença, dentre outras que só constatarei in loco quando lá chegar, é que é uma cafeicultura nas partes baixas da cordilheira, já que lá é tudo alto, muito alto. Fôlego!... e fogo, porque é frio também, muito frio. Coração e café quentes, por favor e por amor, como sempre.
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