A LENDA DA PAZ
(Não) Reza
a lenda
de que o mundo
era muito melhor,
perto do perfeito,
quando
não se rezava.
Só não o era
porque havia
uns com fei
no meio,
que,
traduzida a primeira vez,
era “fé”,
a segunda
foi “fel”,
pelo mesmo povo.
Reza
que a contenda
começou.
Os que entenderam errado
rezaram.
Tinham a guerra
no semblante.
Além da paz,
era combate.
Os que entenderam errado
morreram...
de novo, de novo
e nunca pra sempre,
homiliando preces prontas,
munidos de machado
numa mão
e empunhando crânios degolados
noutra...
doutros irmãos,
como se chamavam
os inimigos
em uma mesma doutrina.
Os que entenderam errado
formaram uma tribo:
Aldeia de Deus,
cujo tamanho
não há quem meça
—cabe o infinito
e, ainda,
é só uma fresta—,
era o codinome
do paraíso
para onde iam
os sem-cabeça,
em festa.
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