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áfricarrauá

MANTRA MARROM

 

Uganda. Dezembro de 2019

 

Chamam o homem negro de pessoa de cor. Eu chamaria o café —essa bela bebida negra— de bebida de cor, mas não somente por ser preta ou acastanhada, e sim por ser realmente de cores.

 

A folha jovem de algumas variedades de café é bronze, num matiz de marrom brilhante que parece com verniz. Sua flor é branca. Sua folha adulta é verde. E os frutos evoluem de verdes para amarelados e/ou alaranjados para, então, o amarelo ou vermelho, dependendo da variedade. Se seco com a casca, o fruto vermelho fica quase preto, enquanto que o amarelo tende ao marrom. Se descascado, aí vem o espetáculo das cores do pergaminho, que parece ser monótono pelo bege pálido, mas experimente diferentes processamentos pós-colheita e verás tons salpicados de laranja e marrom. Devidamente seco, é hora do último descascamento, depois do qual se chega ao grão verde-água, que, por sua vez quando torrado, fica marrom.

 

Dei essa volta toda sobre as cores do café para mostrar quão belamente colorido ele é. Mas eu quero mesmo é focar nos estágios marrons inicial e final, das folhas jovens e dos grãos torrados, respectivamente, para dizer que, assim como a terra, a alma do café é marrom. E é nativo do mesmo solo de origem da nossa Eva genética.

Dito isso, eu reforçaria que “A Alma Do Café É Marrom”, “A Alma Da Terra É Marrom” e concluiria que “A Alma Do Mundo É Marrom”.

Repetiria, como mantra em gratidão ao café, à terra e ao solo-seio de origem:

AADCEM
AADTEM
AADMEM

 

 

 

 

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[foto]

quando: 06Nov2019

onde: Uganda, Kanungu, Nyamiyaga

por: Andalaquim

Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 09/10/2023
Alterado em 21/10/2023
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