TEXTOREIO
Eu quero dormir.
Nada de o sono vir.
Eu quero escrever.
Nada de a idéia aparecer.
Talvez o sono não vem
porque a idéia está aparecendo.
Talvez a idéia não aparece
porque o sono está vindo.
Mas nem uns nem outros:
nem o sono vindo
nem a idéia aparecendo;
nem eu dormindo
nem eu escrevendo.
Então,
já que o sono não vem
e a idéia não aparece,
vou tentar
escrever e dormir
ao mesmo tempo.
Pra mim,
mais do que
duas tentativas,
duas tentações.
c-Oo-ntand e cmpnd
c-Oo-ntand e cmpnd
c-Oo-ntand e cmpnd
c-Oo-ntand e cmpnd
c-Oo-ntand e cmpnd
Infelizmente,
essas ovelhas
que surgiram
no pasto-texto
não sabem pular
caracteres,
com uma exceção.
Trespassam,
aos tantos,
apenas cercas
de poucos fios de arame
ou poucas linhas de madeira
—o hífen-tão...
pontual colocação
ali atrás
entre os dois campos—,
mas não
esse tanto
de letras,
e eu não sei
adestrá-las
para tanto.
Inquietas,
balem, balem, balem
tanto
que se cansam...
tanto
que dormem.
Diferentemente de mim,
ainda compondo
e campeando palavras.
No entanto,
não tanto
o suficiente,
pois sempre
surge a mesma.
Combalido,
dou-me
por vencido,
portanto.
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