SINTO-A PARA ESCREVER
Sento
para escrever.
Estou sentado
—é o que digo.
Se me vir,
é outra história—,
com cócegas nas costas,
até agora,
que pode ser
desde há muitos minutos
até há poucas horas.
Muitos poucos
pra lá,
poucos muitos
pra cá,
que são
a mesma medida
—ora merda!—,
sem bordas
—ora bosta!—,
no meio.
Quem
não se senta comigo
é a idéia.
Vejo-a
em pé,
indo e voltando
de um lado
pro outro.
Isso
quando bípede.
Quando bipolar,
(não) segue a lógica:
fica quadrúpede:
pra lá, pra cá,
para ali, para aqui.
Ensandecida,
não pára.
Da preposição ao verbo,
um acento,
único
que ela aceita.
Ela não me olha.
Parece possuída
enquanto
ninguém
a possui.
Carente
da maluquice boa
das pessoas boas
e cada vez mais perdida
com a desencontrada loucura
das pessoas sãs.
Ao mesmo tempo,
quer ser livre,
fazendo caretas,
sem se importar
com a cara feia
das pessoas más.
Decido ignorá-la.
Não a olho mais.
Ela passa
a querer chamar
a minha atenção.
Ansiosa,
aperta o passo
no cubículo
em que
—por vontade própria.
É simples sair—
está presa.
Ansiosa,
aperta o passo
no cubículo
em que está presa
por vontade própria;
é simples sair:
prali, praqui,
prali, praqui
e assim.
Tropeça
em si mesma.
Bate
a cabeça.
É quando
nos encontramos,
enfim.
Pego-a
pelos pés.
Só pode ser
desse jeito,
concorda?
Se julgar contagioso,
com corda.
Dou-lhe
um chacoalhão.
Devolvo-a,
ereta,
ao chão,
que não é
o lugar dela
nem sua posição,
ela faz questão
de deixar claro
e me deixar...
num enquadramento
ingrato.
Quem vier a me ver
de cócoras ao contrário
falando sozinho:
“Não está
batendo bem das idéias
o pobre menino.”.
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