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BATA NA BOCA, BATISTA

 

Foi a primeira

—talvez a única—

dúvida

do homem

que dava nome

às coisas.

 

Ele mesmo,

ainda,

não tinha o dele.

Deixaria por último

o seu próprio batismo,

que veio primeiro

no título.

Porém,

por meio

alheio.

 

Hoje,

se tudo

tem sua graça,

é graças a ele,

menos a dele.

Engraçado isso.

 

Um incêndio.

 

Ele pensava rápido,

no calor

das emoções,

mas era frio.

Tinha que ser.

Ainda tinha

muito trabalho.

 

Como dar nome

àquele

conjunto de lumes?

 

Estava difícil

escolher,

nada fácil

decidir,

não parava

de pensar.

 

“Dê-me uma luz, Senhor!

Uma luz, Senhor!

Uma luz!”

 

Os pensamentos

o consumindo

enquanto

as flamas

calcinavam

os corpos.

 

“Chama

de qualquer coisa,

mas me arreda

daqui.”,

 

teria suplicado

um sujeito

em meio

às labaredas.

 

“Fique quieto aí,

ô, cinza!”,

 

fez

mais um batismo,

cumprindo,

com êxito na função,

mais

uma unção.

 

O cara era fera.

O cara foi fo...

da.

 

Mas morreu

num mal-entendido

entre ele

e o coautor

dos termos.

 

Num dia tranqüilo,

disse

“Hoje,

eu quero

pegar folga.”.

 

Dizem

que ele morreu

mudo

gritando, muito,

coisas

que ninguém

nunca

tinha ouvido.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 02/09/2023
Alterado em 03/09/2023
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