Textos


PO-EM-ELE

 

Se não for

pra suscitar interpretações

diversas

dos versos,

nem escrevo.

 

Não trago.

Não levo.

 

Mais até

do que quem a lê,

a poesia

é livre,

só por causa

de quem a lê.

 

Que fique

bem claro

que isso não é

pra ficar claro.

 

E que fique

esclarecido

 

—já tinha percebido

a relação

entre “claro”

e esse penúltimo

particípio?

Eu não—

 

que não era

pra eu estar

explicando isso.

 

Acho

que entrei

na sua seara

 

—e acho

que estou falando

com você—,

 

não sabendo,

ao certo,

os limites

da minha área.

 

Mas,

então,

como sei

que os ultrapassei?

 

Não sei até onde

vai a parte

de e em

que participo.

 

Talvez esteja

no meio da ponte,

que,

talvez outra vez,

nem haja.

 

Pulei

essa matéria

—o riacho, nesse caso—

 

Viu

como os travessões

fazem papel de ponte

—córrego no meio—

nesse papel

que é nossa ponte?

 

Deve ser

o mesmo curso d’água,

que fez curva.

Nunca vi

rios vizinhos.

 

Córre-gos para-lelos

fluem e estancam,

fluem e estancam,

fluem e estancam?

 

Para-doxo,

de que gosto,

corri-queiro,

com que me permeio.

 

Nada de trote

nem de nado.

Um passo

desordenado,

um pouco parado,

um pouco ligeiro.

Entre fico e pulo,

portanto.

 

Que não quer dizer

que haja

um tanto de porta.

 

—Há um manco

puto

batendo em uma

com uma muleta.

“Não gaste

seu amuleto,

perneta!”,

gritei do outro lado.

 

Mas como eu sabia

com o que

ele batia?

É que eu entendo

de som

os todos coxos,

de alguma forma.

de alguma forma

—simétricos—,

disformes—

 

Porém,

abri, sim,

algumas.

 

Volto a uma delas

para fechá-la,

não sabendo,

ao certo e de novo,

se a atravessei.

 

Pulei

essa matéria

entre mim, você

e o(s) nós poético(s),

matando aula

na escola

em que nunca

me matriculei.

 

Estudar nela

é outro ínterim...

fora dela.

 

Dissipe-se aqui

tudo aquilo

que eu disse

que não era

pra dizer.

 

Benedito Uma Perna e Meia.

Dito quase tudo!

 

Da forma como trouxe,

não levo.

Pois fica um pedaço.

 

Vou-me

ma(i)s leve(-me).

 

Sinto-me

poeta e poesia.

 

Sinto muito;

 

vou junto.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 28/08/2023
Alterado em 28/08/2023
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