VÓS SE FODEI
Inconse-quente, inconse-quente, inconse-quente.
Cortaram todas as árvores
pra plantar palha
pra fazer chapéus.
Plantios de fibra, vidas de vidro.
Quando era pra ser
semeaduras de fé, vinda divina.
Simples, do mesmo tamanho.
Era a mesma força, contrária.
Que valha
a fúria dos sóis,
a ira dos céus,
fazendo escorrer
soda nas peles
ao invés de suores.
Lágrimas cáusticas
de arrogantes súplicas.
Indiferente, indiferente, indiferente.
“Não adianta
pedir integralmente
o já picado.
A serpente
nem sempre teve veneno.
A escritura
é que tem peçonha... de pessoa.
Não há soro
a essa víbora
a essa hora.
Orar?
Não me faça rir... mais.
Que se fodam vocês!
Ou garboso como vocês rogam:
‘Vós se fodei!’,
usando o verbo
que vocês criaram.”,
dirá Deus,
“Porque danar é pouco.”.
“Era pra ser extrativismo
e não escravidão.
Monoteísmo
e não monocultura.
A fartura era nossa
e eu nem fazia conta.
Mas só vossa a fatura
depois da vossa afronta.”
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