RELEITURA. REPLANTIO
“Cova”.
Eis o nome dado
ao buraco feito
para o plantio ou semeadura.
Aqui
semeio a discordância.
“Cova”
é o trono do sono
de um cadáver.
Soberano ou súdito.
Ela não separa as classes.
Separemos nós as coisas.
Jamais será
onde se pare
um jardim, campo ou horto,
a não ser que plântulas e grãos
sejam natimortos.
A que pranto chegamos
chamar
de sepulcro, sepultura, tumba, túmulo
o que é
exatamente o oposto?
O ponto
que quero tocar
é que
ou troca o nome de um
ou troca o nome do outro.
Eu prefiro mudar
o nome
do meio onde se semeia,
do transplantio da muda.
Substantivo esse último
que também cresce
num substrato não condizente.
Mas não vou dar voz a ele agora.
O pranto do plantio
é o choro seguido de riso,
que vem de dentro do berço.
E é esse o termo
que creio ser certo,
o qual admito,
contraditoriamente,
ser chamado de “jazigo”,
em sua denotação de “monumento”,
que eu sinto que soa
como o palácio
onde descansa
a energia de qualquer criança.
Jaz ali o seu gozo.
Graça.
Hei de amanhã
nascer de novo.
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