SURTO DE VIRUSGULA
Se colocar
entre o sujeito e o predicado
a menor pausa prosódica,
ali mesmo eu paro,
por ódio.
Morrem pra mim
a frase e o autor.
A este,
desejo um destino endemoniado
por tempo indeterminado.
Não que eu o queira mal.
É só reciprocidade.
A frase eu ressuscito e a ajusto.
Ela não tem culpa.
Não é querer
que todos que escrevem
sejam cultos.
É o mínimo.
Tipo um mais um,
mas sem o mais no meio.
E eu já imagino
o cúmulo:
chego a ver o vulto
―com o qual não mais me assusto,
mas que ainda me deixa puto,
esbravejando uma oração curta―
da vírgula antes de tudo,
separando o predicado
do sujeito oculto.
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