Textos


BOM TE VER, MALTE

 

Não se é o que se come,

como se diz.

Somos,

sim e sempre,

o que nossa comida come.

 

Engasgou agora

o agricultor infeliz,

que vende o que planta

e compra o que come.

 

O que alimenta nossa comida

é mais nutriente nosso

do que ela,

do que dela.

 

Doce Quedela,

o prato festivo

da data

do colmo ao cosmo,

que é todo dia.

 

Ousei semear

nas entrelinhas

das entre luas.

Nasceu um galaxieiro,

com raiz pra cima

num torrão de espaço,

 

de cujo fruto,

sol sozinho

de ponta-cabeça

—aí ficou certo

o autotropismo—,

faz-se fermentação infinita

enquanto o gosto do mosto,

do morto,

não se finda.

 

Pra uns, eterno arroto.

Grãos germinados, pra outros.

 

São constantes semeaduras

no mesmo se-meio

de diferentes brotos

na época única

duma estação só:

colheita o tempo todo

num ínterim inteiro.

 

Plantios tardios?

Antes tarde

do que nunca.

 

É assim sempre... se coce.

Quiçá Juçá,

festa do padroeiro

da nossa roça.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 15/02/2023
Alterado em 11/11/2023
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