BOM TE VER, MALTE
Não se é o que se come,
como se diz.
Somos,
sim e sempre,
o que nossa comida come.
Engasgou agora
o agricultor infeliz,
que vende o que planta
e compra o que come.
O que alimenta nossa comida
é mais nutriente nosso
do que ela,
do que dela.
Doce Quedela,
o prato festivo
da data
do colmo ao cosmo,
que é todo dia.
Ousei semear
nas entrelinhas
das entre luas.
Nasceu um galaxieiro,
com raiz pra cima
num torrão de espaço,
de cujo fruto,
sol sozinho
de ponta-cabeça
—aí ficou certo
o autotropismo—,
faz-se fermentação infinita
enquanto o gosto do mosto,
do morto,
não se finda.
Pra uns, eterno arroto.
Grãos germinados, pra outros.
São constantes semeaduras
no mesmo se-meio
de diferentes brotos
na época única
duma estação só:
colheita o tempo todo
num ínterim inteiro.
Plantios tardios?
Antes tarde
do que nunca.
É assim sempre... se coce.
Quiçá Juçá,
festa do padroeiro
da nossa roça.
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