INSACIÁVEIS SACERDOTES
Qual o sinônimo
de “engraçado”?
Não é nem antônimo,
embora pareça,
mas, neste caso,
eu diria
“desgraçado”.
Tantas
paredes de ouro,
portas de prata,
tetos de estanho.
Estranho!
Tudo
do pau oco.
Os santos
nada têm a ver
com isso.
O que salva
é o berço maciço
de Cristo
de tábua.
Tamanha desfaçatez
que (res)suscitam-me
risadas enraivecidas
da clara cara-tez de pau
do eucarístico estelionato.
Cata-se ali e cá
—prometendo-se além dos améns—
rodela de minério da miséria:
cobre dos cleros
do níquel dos ninguéns.
Diz o diácono:
“O meu dízimo
eu também quero.”.
Dá-se em troca
rodela fina
de água e trigo,
sem fermento
—seria adeus aos dez por cento—
e que quase nem assa
—pra não gastar gás
e poder leiloar a lenha ganha.
Ambição tamanha:
quem dá mais
na tabuada da cruz?
Sem graça!
O que salvaria
seria o vinho da taça!
Mas quem bebe?
Os que arrotam
homilias hipócritas.
Assim seja: veneno!
Arremato!
Preciso de lenha.
Sou um pobre coitado
contra o fogo
—abrem aspas, fecham-se mares—
“sagrado”.
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