aferykawa-gan. Kanungu, Uganda—10Nov2019
NÃO VENHA ME DIZER QUE ERA VINHO. ERA CAFÉ
É domingo. Pede cachimbo? Pede chaleira!
A semana inteira, de segunda a sábado, baldes e bacias trabalham, trabalham, trabalham... exaustivamente. São usados pra tudo no ciclo do nosso café, desde a colheita até o transporte para secagem, passando pela lavagem, processamento e fermentação. São baldes, bacias e baldeações.
Mas é domingo. E domingo não pede balde. Sábado pede... para o banho. Num balde com capacidade de cinqüenta e cinco litros, eu ponho cinco litros de água fervendo, vinte litros de água fria e setecentos mililitros de vinagre. Tomo banho de caneca dentro do balde. E ainda sobra água no balde no fim do banho, que eu coloco em outro balde para ser usada na limpeza da minha casa de três cômodos e meio.
No caso das atividades com o café, domingo é o único dia de folga dos baldes e bacias que estão vazios. Em época de colheita, eu geralmente trabalho algumas poucas horas na manhã de domingo. E é prazeroso ver toda a estrutura —baldes, tanques e caixas de fermentação e mesas de secagem— cheia de café respirando na calmaria do domingo. Traz uma paz, assim como o trabalho intenso durante a semana o faz. Pazes opostas e complementares. Eu considero essa a minha igreja de domingo, pra agradecer pela semana que passou e pra se inspirar para a semana que está por vir. E a comunhão vem dessa sacerdotisa chaleira, que prepara o café da santa ceia.
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quando: 10Nov2019
onde: Uganda, Kanungu
por: Andalaquim