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CHUVA E CHAVE

 

Há vida

no veneno mortal da víbora,

do falecimento lento,

no vôo predatório da vespa,

que mina o que mina a folha.

 

Há vida,

veja,

nas entrelinhas e entre vírgulas,

como no inseto inseticida,

nos comas entre mandíbulas.

 

Alegrar-se

com esse entretecer-se,

a não ser

que se seja a presa.

 

Há vida

inserida

(e não)

entre parênteses

e dentro d’aspas.

 

Jamais

fora da folhagem:

fotossíntese.

Da linguagem.

 

Há vida

nas letras;

às vezes, na língua morta, latim;

às vezes, na palavra torta, itálica,

curvada

de tanta dor nas costas,

de tanto se repetir.

 

Há vida

repetida

(e não)...

reformulada, reformada.

 

A vida

repetida

em sua forma resumida:

cíclica.

 

No entanto,

nada tão alvo,

tão vivo,

quanto

“viv’alma”,

em o, no,

vôo

pairado, parado,

panorâmico, biodinâmico,

do apóstrofo,

predatório que suprime... pecado,

pontuado que exprime... evangelho.

 

Que sublime

é

o pingo d’água.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 18/05/2022
Alterado em 10/02/2023
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