PERFEITO
Propus-me a escrever um poema
sobre o quanto de defeito
há em perfeito.
Fiz o mesmo cálculo três vezes.
Cheguei a três resultados diferentes.
Dar conta
de que conta
de
percentagem ou porcentagem,
percentual e não porcentual,
por cento e não per cento,
não é meu forte.
Aceitar
que não se acerta
cem por cento
sempre.
Em quase cem por cento das vezes,
nunca.
Confessar que,
na escola,
eu preferia receber nota oito
a pontuar nove ou dez.
Admitir
que ninguém
é cem por cento
defeito.
E isso é,
portanto,
perfeito.
Com seus entrecentos,
digo,
entretantos,
entre-tantos,
entre tantos
imperfeitos...
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