O MAIS MUDO DOS AGÁS
__Ora, agá!
Se seu curto nome é expresso extenso assim
—não confunda x com h—,
que imagem você me passa,
que crédito você me dá?
__Concordo.
Uma imagem que não é minha,
com crédito nenhum.
Mas,
nas entrelinhas
—lê-se entreletras—,
acho que valho alguma coisa.
Aproveito o ensejo
e peço desculpas se o desapontei.
__Eis algo em que dou-lhe valor:
humildade e habilidade
não lhe faltam.
__Contrariando quem me diz mudo,
hei eu de me expressar.
E, ainda assim,
não darei todo o meu testemunho.
A história começa
—aliás, a própria história começa—
quando eu não estava presente
no momento em que me batizaram.
Contrariando conselhos alheios,
por uma questão de escol(h)a íntima,
fiz-me herege.
Às vezes, falho.
Sou homem,
longe de ser herói.
Às vezes, nem me falam.
Chateio-me. Dói.
Mas a própria chateação
reconstrói minha honra...
ou não.
Quase no fim desse caminho de me olhar,
sinto que,
no fundo, no fundo,
bem no meio,
me conheço:
quase que como na hora do começo,
sou o h,
que há no há,
mas que não há
no próprio agá:
tenho a firmeza do lenho
e hasteio-me na sutileza herbácea.
/-\|\||)/-\|_/-\(,)|_|||\/|