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O MAIS MUDO DOS AGÁS

 

__Ora, agá!

    Se seu curto nome é expresso extenso assim

    —não confunda x com h—, 

    que imagem você me passa,

    que crédito você me dá?

 

__Concordo.

    Uma imagem que não é minha,

    com crédito nenhum.

    Mas,

    nas entrelinhas

    —lê-se entreletras—,

    acho que valho alguma coisa.

    Aproveito o ensejo

    e peço desculpas se o desapontei.

 

__Eis algo em que dou-lhe valor:

    humildade e habilidade

    não lhe faltam.

 

__Contrariando quem me diz mudo,

    hei eu de me expressar.

    E, ainda assim,

    não darei todo o meu testemunho.

    A história começa

    —aliás, a própria história começa—

    quando eu não estava presente

    no momento em que me batizaram.

    Contrariando conselhos alheios,

    por uma questão de escol(h)a íntima,

    fiz-me herege.

    Às vezes, falho.

    Sou homem,

    longe de ser herói.

    Às vezes, nem me falam.

    Chateio-me. Dói.

    Mas a própria chateação

    reconstrói minha honra...

    ou não.

    Quase no fim desse caminho de me olhar,

    sinto que,

    no fundo, no fundo,

    bem no meio,

    me conheço:

    quase que como na hora do começo,

    sou o h,

    que há no ,

    mas que não há

    no próprio agá:

    tenho a firmeza do lenho

    e hasteio-me na sutileza herbácea.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 18/02/2022
Alterado em 21/10/2023
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