VASSALOS QUE NÃO VACILAM
Tenho um carinho enorme
por toda e qualquer
palavra.
Afeto com a origem.
Esmero com o meio.
Zelo com o termo.
Mesmo o vocábulo feio
—“vocábulo feio”:
só isso já soa horrendo,
que, por sinal,
soa lindo—
é bonito
se vestido certo.
Tem culpa ele
do xingamento
com que o adornam?
Em seu íntimo de verbete,
não é veneno.
Nocivo
só quando reage
com a saliva ou o com o corante
e vira palavra.
Às vezes,
eu penso
em “empalidecer”
como “colorir”.
“Nasce o rubor do sol,
com o qual me empalideço.
Acordo cedo.”
Na verdade,
levanto-me
antes de o sol
levantar-se a leste.
Por pouco tempo,
reino reluzente
no alcance sombrio da vela,
como um monarca velho
de coroa branca
e roupa de se usar
dentro do palácio plácido.
Único momento em que eu sei
o tamanho real do rei.
Frase
é dinastia.
O su-jei-to
entre sú-di-tos
é uma boa
ma-jes-tade,
diferentemente do príncipe,
cujo predicado
é tratar os outros
como objeto.
Soberba
do filho do soberano,
indigno do trono.
Jamais
o deixarão
herdá-lo.
Sujeitos ocultos
determinados.
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