Textos


ABAJUR E CABIDE

 

abajur ajuda

 

Interruptor 

longe da cama.

 

Lia

até que o livro

caía.

 

A luz

ainda ligada.

 

Olhos tomados

de alternância

entre período fechado longo

e período aberto curto.

 

Nessa hora,

dorme mais

do que desperta.

 

Na hora seguinte,

põe um travesseiro sobre a face,

que expõe a cara da coragem.

Talvez
tenha medo do breu,

que, em seu si

—saci que puxa a perna—,

já é uma sensação obscura

de barulho na escuridão.

Logo, retira o travesseiro.

Ou é sufoco

ou é mesmo medo. 

 

Não se levanta.

Por nada.

O ponto aqui

é que nem pela claridade.

 

Só pela (da) manhã.

 

A noite toda

mal dormida

no incômodo aceso,

cúmulo da preguiça.

 

cabe no cabide

 

Em compensação,

no quarto ao lado,

a luz apagada

a noite inteira

pela madrugada adentro.

 

O irmão

adormece sempre mais cedo,

só que com meias calçadas.

O sono o pega tão de repente

que não tem tempo de tirá-las.

Mas, rigorosamente,

pouco antes da meia-noite,

ele acorda,

repentina e naturalmente,

incomodado com as meias.

Descalça-as e as atira.

 

Remove de si,

sem saber,

o terrível monstro da meia-noite.

 

Como ele some

é o mesmo mistério

de onde foi parar

o par de meia-manhã.

 

Levanta-se às nove.

Dorme mais cedo

e se levanta mais tarde.

O preguiçoso é o irmão.

Nele, o sono é presunçoso.

 

Veio

meio tarde

a procura.

 

Não foi visto

um monstro de meia

no meio-dia escuro.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 12/09/2021
Alterado em 12/03/2023
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