ABAJUR E CABIDE
abajur ajuda
Interruptor
longe da cama.
Lia
até que o livro
caía.
A luz
ainda ligada.
Olhos tomados
de alternância
entre período fechado longo
e período aberto curto.
Nessa hora,
dorme mais
do que desperta.
Na hora seguinte,
põe um travesseiro sobre a face,
que expõe a cara da coragem.
Talvez
tenha medo do breu,
que, em seu si
—saci que puxa a perna—,
já é uma sensação obscura
de barulho na escuridão.
Logo, retira o travesseiro.
Ou é sufoco
ou é mesmo medo.
Não se levanta.
Por nada.
O ponto aqui
é que nem pela claridade.
Só pela (da) manhã.
A noite toda
mal dormida
no incômodo aceso,
cúmulo da preguiça.
cabe no cabide
Em compensação,
no quarto ao lado,
a luz apagada
a noite inteira
pela madrugada adentro.
O irmão
adormece sempre mais cedo,
só que com meias calçadas.
O sono o pega tão de repente
que não tem tempo de tirá-las.
Mas, rigorosamente,
pouco antes da meia-noite,
ele acorda,
repentina e naturalmente,
incomodado com as meias.
Descalça-as e as atira.
Remove de si,
sem saber,
o terrível monstro da meia-noite.
Como ele some
é o mesmo mistério
de onde foi parar
o par de meia-manhã.
Levanta-se às nove.
Dorme mais cedo
e se levanta mais tarde.
O preguiçoso é o irmão.
Nele, o sono é presunçoso.
Veio
meio tarde
a procura.
Não foi visto
um monstro de meia
no meio-dia escuro.
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