UM DIA INQUALQUER
“Era domingo de manhã.”
Escrevia isso
na segunda-feira
à noite.
“Como queira.”,
pensou o papel.
“Tal qual quisto.”,
aquiesceu-se o sujeito.
De repente,
a tinta começou a falhar,
até que fal(h)ou de vez,
como quem em silêncio
diz mudamente entre parênteses:
“Não pensaram
na minha anuência
com esse descalabro.
Sou eu que imprimo
o calendário.”.
O sujeito
contentou-se em contemplar
o candelabro,
de muitos braços e uma única vela,
que, enquanto ele a fitava,
apagou-se por um único vento
que encontrara uma única fresta.
“Amanhã
de manhã,
com a claridade do dia,
o negrume do grafite
e sem o ego da caneta,
escreverei sobre hoje,
então ontem,
como queira,
à noite.”
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