DEBAIXO D’ÁGUA É QUASE TUDO MUDO
No início,
era tudo silêncio.
Começava no s,
terminava no o;
isso e só.
Que tal
adicionar m de melodia?
Som!
Criou-se,
ainda,
a água,
para molhar
a ária,
fazer fragor
sem fragrância
pra começo
de conversa.
Declamação de poema
em mina.
Gargalhada
de cachoeira.
Córrego a caminho da fala
num murmúrio.
Rio rindo reverberantemente
em correnteza.
Onda de mar
em coro.
De repente,
um choro.
Nasceu o homem.
Então, um grito.
Matou-se tudo.
Era um
e eram muitos.
Culminou
num urro de raiva.
Cria-se a dor.
Um berro
de quem não a atura.
Conheceu-se a ira
do redemoinho
do rio.
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