DITO, O ERUDITO
A língua,
a coisa mais linda
do mundo.
O pólen,
a mais poderosa.
O verbo
invisível.
O substantivo
sobressalente.
Se não se consegue
dizer dum jeito,
diz-se doutro.
Doutor e camponês.
Pra descrever
o gameta,
letra.
Cabe um livro
na caneta.
A enxada,
do cabo ao calo.
Do be ao ele,
ele sabe.
Cabe um campo
no cabo.
O idioma,
que tem o de
do dicionário do doutor,
e a semente,
que passa pelo campo todo
do camponês,
morrem infinitamente,
com dois sentidos,
do título ao epílogo,
e infindáveis sentimentos
em todo meio...
de cultura,
de cultivo.
O douto
molha o dedo na língua.
E descansa no domingo.
O matuto
cospe na palma da mão.
E todo dia é segunda-feira,
segundo a lida.
Página de papel.
Folha de ferramenta.
Instrumentos que se misturam,
de flor e fascículo,
fruto e força,
pastagem e passagem;
pense numa ponte
de paz e pau.
Os lápis e as limas
são do mesmo tamanho.
Mas o lápis
é que deveria
ser do camponês.
Singular e plural
dum jeito só.
Ao doutor,
deixaria a lima,
que ele pensaria
ser de descascar.
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