Textos


DITO, O ERUDITO

 

A língua,

a coisa mais linda

do mundo.

O pólen,

a mais poderosa.

 

O verbo

invisível.

O substantivo

sobressalente.

 

Se não se consegue

dizer dum jeito,

diz-se doutro.

 

Doutor e camponês.

 

Pra descrever

o gameta,

letra.

Cabe um livro

na caneta.

 

A enxada,

do cabo ao calo.

Do be ao ele,

ele sabe.

Cabe um campo

no cabo.

 

O idioma,

que tem o de

do dicionário do doutor,

e a semente,

que passa pelo campo todo

do camponês,

morrem infinitamente,

com dois sentidos,

do título ao epílogo,

e infindáveis sentimentos

em todo meio...

de cultura,

de cultivo. 

 

O douto

molha o dedo na língua.

E descansa no domingo.

O matuto

cospe na palma da mão.

E todo dia é segunda-feira,

segundo a lida. 


Página de papel.

Folha de ferramenta.

Instrumentos que se misturam,

de flor e fascículo,

fruto e força,

pastagem e passagem;

pense numa ponte

de paz e pau.

 

Os lápis e as limas

são do mesmo tamanho.

Mas o lápis

é que deveria

ser do camponês.

Singular e plural

dum jeito só.

Ao doutor,

deixaria a lima,

que ele pensaria

ser de descascar.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 21/12/2020
Alterado em 24/09/2023
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