CICLO QUE NÃO SE FECHA
Tem hora que eu acho
que as coisas são ao contrário,
verdadeiramente.
Penso que a árvore
é que é
o sol do universo.
E a folha
é que emite luz,
verdemente.
A troncos-luz da copa
cresce um único pé de sol,
que recebe raios
emitidos pelos galhos.
A flecha acha brecha
num fluxo fixo de fóton
e segue como partícula pontiaguda.
Quando o pé de sol
receber a lança,
essa é a parte em branco
como a lua.
Ele é que decide
como vai reagir:
“reagir com” ou “reagir a”.
Reagirá
e, qualquer que seja a interação,
há de haver frutificação.
Numa outra abstração,
penso que o suor
é um mini-sol.
E, na colheita,
serão outros sóis.
As sementes serão estrelinhas
cheias de pontas,
que, germinando,
não formarão
floresta nem jardim;
um campo
de estrelas
de uma mesma espécie.
Uma horta de estrelas,
portanto?
Deus me livre desse castigo!
Seria andar
num canteiro de carrapichos.
Já não respondo
pela criação
desse universo
que criei.
O fato é que a síntese
tomou outros ares.
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