Textos


DUAS ASAS. DOIS PÓLOS

 

Uns, berros. Outros, bramidos.

Uns, urros. Outros, sussurros.

Uns, gritos. Outros, gorjeios.

Uns, risos. Outros, roncos.

 

Tem de todo tipo

e vem de todo canto.

 

Na alvorada,

o ápice do alvoroço.

Todos os tons

ao mesmo tempo.

 

Beleza? Bonito?

Não! Bagunça!

A alvorada

tem que ser algo ameno,

sem algazarra.

Onde já se viu

essa zorra de pio?

 

“Mas você mora na floresta.

Seu privilégio é sua orquestra.”

 

Vou tentar ver

por esses olhos,

portanto.

 

Sou só ouvidos.

Concentro-me

e ouço os assobios,

que, daí,

me dão arrepios.

 

É então que,

de olhos fechados,

sou levado a ver

que é tudo,

na verdade,

lindo.

 

Acende em mim

uma chama.

Ascendo-me

com duas asas.

Mas sou pássaro mudo,

que muda.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 17/08/2020
Alterado em 03/02/2023
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