RAIO E REMELA
E se eu pensar
que mundo e ambiente
são coisas totalmente diferentes?
E, então,
eu pensar que o sol
é o sumário do mundo.
Como ele faria
no novo posto?
Nem feio.
Nem frio.
E, também,
eu pensar que a montanha
é o sumário do ambiente.
E, daí,
eu juntar os dois
num único sistema existente,
com apenas eles
como componentes.
Eu imaginaria
que a rota do sol
seria exatamente
a linha superior
do perfil da serra.
Pensaria que,
ao longo do dia,
o sol sempre caminha
sobre a linha.
Nasce em seu sopé
na manhãzinha,
chega ao meio dela
ao meio-dia
e alcança o seu topo,
quando apaga-se tudo.
Eu queria dar ao sol
só um ar de menino.
Porém,
ele é homem
em seu total destino:
menino, sim, matutino,
mas, também, jovem vespertino,
além de senhor crepuscular.
Eu falaria
que o astro raiante e o rebento remelento
têm semelhanças
que não cessam.
A trajetória imaginária
na linha da montanha.
O sol dorme num pólo
no topo,
e acorda no outro dia lá embaixo,
no ponto oposto.
O garoto
adormece num lugar,
dorme e desperta em outro
e, ao acordar,
sequer sabe
como chegou lá.
A mesma ignorância
assumo sobre o sol,
com ar de mistério,
que, por sua vez,
dorme velho
em cama de chama calma aqui
e acorda
inflamadamente infante acolá.
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