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RAIO E REMELA

 

E se eu pensar

que mundo e ambiente

são coisas totalmente diferentes?

 

E, então,

eu pensar que o sol

é o sumário do mundo.

 

Como ele faria

no novo posto?

Nem feio.

Nem frio.

 

E, também,

eu pensar que a montanha

é o sumário do ambiente.

 

E, daí,

eu juntar os dois

num único sistema existente,

com apenas eles

como componentes.

 

Eu imaginaria

que a rota do sol

seria exatamente

a linha superior

do perfil da serra.

 

Pensaria que,

ao longo do dia,

o sol sempre caminha

sobre a linha.

Nasce em seu sopé

na manhãzinha,

chega ao meio dela

ao meio-dia

e alcança o seu topo,

quando apaga-se tudo. 

 

Eu queria dar ao sol

só um ar de menino.

Porém,

ele é homem

em seu total destino:

menino, sim, matutino,

mas, também, jovem vespertino,

além de senhor crepuscular.

 

Eu falaria

que o astro raiante e o rebento remelento

têm semelhanças

que não cessam.

 

A trajetória imaginária

na linha da montanha.

 

O sol dorme num pólo

no topo,

e acorda no outro dia lá embaixo,

no ponto oposto.

 

O garoto

adormece num lugar,

dorme e desperta em outro

e, ao acordar,

sequer sabe

como chegou lá.

 

A mesma ignorância

assumo sobre o sol,

com ar de mistério,

que, por sua vez,

dorme velho

em cama de chama calma aqui

e acorda

inflamadamente infante acolá.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 10/08/2020
Alterado em 01/02/2023
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