aferykawa-gan. Rwashamarie, Ntungamo, Uganda—11Jul2020
A FUMAÇA E O ÍMPETO DE UM PEITO. CERÂMICA E SER AMA
Observada
de um ponto distante,
uma nuvem
sobre uma estrada de terra branca,
cercada de árvores verdes,
rodeadas de fornos,
que terminarão, portanto, pretas.
Não se sabe
se a nuvem branca levantada
é poeira do percurso
ou fumaça da fornalha.
Fora do forno,
paralelamente ao percurso,
como pode a névoa branca
formar-se do carvão?
O leite branco
do peito preto.
Alimento
quente, fresco e completo
para colocar à mesa
onde nem há mesa.
Há luta
para pôr o pão no colo.
Há seios dessa mulher infante
—não só seios.
Percorre de pés descalços
o trajeto de terra
para enfiar as mãos
nas casas de carvão—
para a ceia dos infantes.
A tal nuvem,
vista de cima,
faz com que se imagine
que quem passa por ela
ou sente o gosto da terra
ou sente o gosto do fogo.
Subindo, subindo, subindo.
Diminuindo, diminuindo.
Desaparecendo.
Sumindo...
Apenas uma pequena porção
alcança o nível
de uma nuvem nuvem.
Ao chegar lá,
um dos flocos desta
flerta
com a fração daquela.
De repente,
floco e fração
já estão se amando,
caindo de paixões
em chuva torrente.
Provou-se, então,
que era nuvem de pó de torrão.
Evidência montada
como argila com água moldada.
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[foto]
quando: 11Jul2020
onde: Uganda, Ntungamo, Rwashamarie
por: Andalaquim