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...MINHOS DE MINHA ...FÉ

 

Cruzei

com a peneira,

que tem uma cruz

em seu meio,

no meio do cafezal.

 

Não há estradas largas.

Só se percorre a pé

o percurso

por toda a plantação.

Há lavoura

e há apenas

uma vereda fina e longa,

em cujo um dos pontos

é vizinha

de um cafeeiro pequeno,

que se destaca

viçoso e vistoso,

vestido de manto verde,

tom de folhas maduras

e cerejas imaturas

sadias.

 

A peneira,

inteiramente trabalhada por mãos

e oblonga, 

semelhante à semente

que ela colhe.

É um misto

de cesto aberto

e crivo fechado.

As fibras dos centros

do comprimento e da largura

são levemente diferentes das outras,

iguais entre si,

que, molhadas com água,

se moldam

em uma malha cruzada

escura.

Malha de tranças.

Malha de mancha. 

 

Em sua rota elíptica

em torno do arbusto,

o centro de gravidade

da peneira

é o fruto.

 

Essa trilha

se multiplica

em inúmeras furcas figurativas

de caminhos e jornadas reais,

desde o sol pra seca

até o trilho pra debulha. 

 

Tudo nesse roteiro

gira em torno do astro-grão,

da peneira com cruz

à fé

na palavra, espírito e corpo

do carpo.

 

 

 

 

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[foto]

quando: 22Jun2020

onde: Uganda, Kanungu, Nyamiyaga

por: Andalaquim

Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 26/06/2020
Alterado em 04/10/2022
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