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ONDE SE ESCONDE O TREMA

 

Trataram o trema

como trapo.

 

O tratado de abolição:

um trauma

pro trema e pra mim.

 

Eu ainda não superei.

Ele sim,

numa genialidade

de se apresentar sem se mostrar,

e numa grandiosidade

de voltar sem se vingar.

Um cara de carácter.

 

Diferentemente

da resiliência do trema,

eu me enchi

de indignação,

e,

no ápice desse sentimento,

veio a rebeldia com a língua

e eu passei a chamá-lo

do que eu queria,

pois eu o queria

e ainda o quero:

ponto, acento,

cifra, código,

símbolo, elemento,

marca.

 

É isso!:

marcante,

pela fácil visibilidade

quando antes:

dois olhos felizes

sobre os lábios sorridentes

da letra u:

ü.

 

Vejamos!,

e o ponho inclinado para baixo

—vejamos:

dois pontos

com um traço de personalidade

interessante

quando agora:

a teima

sem ser insistente.

 

Ele foi excluído,

mas continua presente

por vontade própria

e com inteligência peculiar.

Camuflado,

mas enxergado

por quem tem olhos no tema.

Cortaram-no,

mas ele segue firme

em sua sutil jiade,

num exemplo tocante e notável

por quem tem visão da trama.

Aleijado,

mas rijo.

E atuante

nos minuciosos movimentos

de beijos

em suas pronúncias intocáveis:

eloquentes de bitoca 

dados por ele

e eloqüentes de língua

retribuídos por mim.

 

Tijolo a tijolo,

o trema

se reconstrói.

De feijão em feijão,

se fortalece.

E, novamente,

se regozija,

realizado

em seu esconderijo.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 25/06/2020
Alterado em 11/11/2023
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