UM SORRISO É MAIOR DO QUE UM SOL
O sol,
todo dia à tarde,
se acanha e se esconde
atrás da montanha,
num misto
de dois elementos:
cansaço e recato.
Sabedor
de seu imenso ego,
exteriorizado
em hidrogênio e hélio,
ele é nada
egocêntrico,
recusando,
até mesmo,
o soberano título
de heliocêntrico,
irradiando,
sobretudo e sobre tudo,
harmonia e humildade.
Tudo o faz,
com toda luz,
singular e singelo.
Falo do sol,
claro,
caipira.
Bem disposto
e com sua graça
desde a alvorada,
ele (se re)age
o tempo todo,
sem recreio e sem receio
de trabalhar e transudar.
Na sobretarde,
se recolhe,
brioso do árduo labor cumprido,
ardorosa e ardentemente,
tal qual
cada sol
de altivez
de um camponês
em suas sinas e rotinas
de enfrentar os sóis diários,
plurais e espinhosos,
refletindo-os, sempre,
com um sorriso,
singular e singelo,
sem todos os dentes
da frente.
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