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ECLIPSE É EMPATE

 

Jogadores invisíveis jogavam futebol chutando o sol. Na verdade, a disputa era entre as bolas, e não entre os times. A lua se aquecia por fora, ansiosa por entrar em campo. O jogo querendo esfriar. Mas, numa jogada decisiva, um chute certeiro no sol, que bate na trave e entra no gol. Com o feito, o time da tarde conseguiu a prorrogação da partida, mantendo em campo a bola de fogo.

 

Esse acréscimo mudou como se jogava o jogo.

 

Antes dessa prorrogação inusitada, sol e lua competiam se revezando: ora cada um sobre todo o globo ao mesmo tempo, com horas contadas, numa espécie de escala: um dia de um, um dia do outro: uma manhã de sol, uma tarde de sol e uma noite de sol; uma manhã de lua, uma tarde de lua, uma noite de lua... e assim por dian(oi)te.

 

Mas foi esse sol na trave e no gol que mudou o jeito de jogar. A lua, sabendo da sua hora e pensando que a bola batida na trave iria pra fora, se precipitou: se pôs em campo, se lançou ao jogo, num lance inesperado.

 

No começo, foi um pouco confuso, pra quem estava dentro, pra quem estava fora. No entanto, de repente, já estava todo mundo dentro, já sabendo jogar no novo compasso, no qual o jogo, desde então, nunca mais parou: os times da manhã, tarde e noite jogando ao mesmo tempo com duas bolas no mesmo campo.

 

 

 

 

 

 

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[foto sol na trave]

quando: 23Ago2011

onde: Tanzânia, Ruvuma, Mbinga Rural

por: Andalaquim

 

[foto campo de futebol com quatro gols]

quando: 11Mar2012

onde: Brasil, Minas Gerais, Gonçalves, São Sebastião das Três Orelhas

por: Andalaquim

Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 22/05/2020
Alterado em 08/10/2022
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