Textos


aferykawa-tan. Parque Nacional Tarangire, Tanzânia—2Set2010

DIARRÉIA
 
Poema e peido

têm coisas

em comum.

 

Começam 

com P.

Têm cinco letras 

cada um.

 

Também, ou além,

poema e peido

ora vem sem som,

ora com,

depende do verso,

depende do pum.

Aqui

quase foi um.

 

Eis que surge

a poesia,

com seu P 

para com-p-lementar,

mas com sua única letra a mais

para dissolver e fazer circular.

Ou seria

o extremo oposto 

—pelo som,

arrisco um arroto—:

condensar e aglutinar?,

como gás deglutido.

 

Depende.
 

Depende

da situação do poema,

da ocasião do peido.

Pode vir guerra 

como pode vir paz. 

 

Porque a poesia

traz ao poema e ao peido

algo a mais,

equiparado à letra extra:

o perfume,

que, por sua vez,

também começa com P

e tem uma letra a mais

do que poesia.

 

Poema, peido, poesia e perfume 

só podem ser parentes,

porque constroem relações

no padrão de uma família.

 

Mas paremos por aqui,

porque já virou diarréia...

antes que vire disenteria,

e eu diga que pum

é que deveria se chamar cuspe. 

 

 

 

 

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[foto]

quando: 2Set2010

onde: Tanzânia, Parque Nacional Tarangire

por: Andalaquim

Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 18/04/2020
Alterado em 24/09/2024
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