Textos


AMARELA
 
o púbere

 

Serzinho masculino,

deixando de ser menino,

descobrindo os dotes,

passando a ser rapazote.

 

Esse era eu.

 

a coroa

 

E ela era

a temida Dona Regina,

a professora de História.

 

Uma senhora bonitona:

mais ou menos, moça;

mais ou menos, dona.

 

a braveza

 

Ela era brava.

 

Ao ponto que,

passando a matéria na lousa,

de costas para a classe,

ao menor ruído,

que podia ser um cochicho cochichinho

ou um abafado pum,

dizia:

__Estou ouvindo zunzum!

 

O cochicho,

imediatamente,
parava.

E o cheiro de pum,

com medo,

sequer se espalhava. 

 

a meninice

 

Ela se vestia sempre

com uma saia ou um vestido

um pouco acima dos joelhos.

 

E eu,

menino fedelho

em idade de crescer os pentelhos,

sentava-me na primeira carteira,

de frente pra mesa dela,

só pra tentar ver o pano que cobria

a rima da Regina.

 

E lembro,

como se fosse hoje,

que a primeira que vi

era amarela.

 

 

 

 

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[foto]

quando: 8Fev2020

onde: Uganda, Kanungu, Buhoma

por: Andalaquim

Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 10/04/2020
Alterado em 24/09/2024
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