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OLHOS AFIADOS. OUVIDOS QUASE AFINADOS

 

A mulher era ciumenta, capaz de sentir ciúmes de uma vassoura se esta estivesse com a cabeça pra cima: “Quem é essa magrela de cabelo armado dentro de casa?”, perguntaria ela.

 

Certa vez, ela viajou por vários dias. O marido, sozinho em casa, decidiu mudar alguns móveis de lugar. A estante estava num local que não lhe agradava. Foi posta no lugar da poltrona, a qual foi para o quintal.

 

Nessa poltrona, ele passou o fim de semana inteiro: nela lia, ouvia rádio e cochilava. A nova posição da poltrona, definitivamente, o fazia feliz. Mas não contentou a mulher, que, logo que regressou, retornou a poltrona para o lugar de antes, alegando que, para fora, ela estava muito sujeita a sujeira. Nesse ponto, ela tinha razão.

 

Razão que se foi tão logo ela viu um pêlo diferente no estofado, que, segundo ela, parecia pentelho crescendo depois de raspado. O marido, não sabendo se ria ou se morreria, tentou acalmá-la: “Deve ser de algum bicho.”. Argumento vencido: “Não temos animal em casa!”. O marido insistiu: “A poltrona estava pra fora. Um bicho qualquer do quintal. Já sei: uma taturana.”. E ela, reverberando nervos e surda de raiva: “Quem é essa tal de Tatiana?”.

 

 

 

 

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[foto]

quando: 07Abr2020

onde: Uganda, Kanungu, Buhoma

por: Andalaquim

Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 08/04/2020
Alterado em 08/10/2022
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